Em carta, ela relata dependência de medicamentos, situação que se agrava pelo isolamento emocional e ausência de assistência médica especializada

Nesta quarta-feira (19), a ex-parlamentar e pastora Flordelis, sentenciada a 50 anos de prisão pelo assassinato de seu marido, Anderson do Carmo, compartilhou uma carta nas redes sociais, lida por sua família, onde descreve a séria condição de saúde que enfrenta enquanto cumpre sua pena na Penitenciária Talavera Bruce, no Rio de Janeiro.
No texto, Flordelis descreve uma série de problemas de saúde e clama por auxílio, alegando que sua vida corre perigo por causa da ausência de um tratamento apropriado.
Ela lista uma série de problemas de saúde alarmantes no documento, incluindo AVC, insuficiência renal, sérios problemas cardíacos, crises convulsivas e até sinais de amnésia. A ex-parlamentar também menciona problemas para se alimentar devido a fraturas na face decorrentes de um tombo na prisão. E, mesmo com as orientações médicas, exames cruciais como o holter para acompanhar seu coração e a ultrassonografia abdominal ainda não foram feitos.
Na sua missiva, Flordelis se descreve como “desesperada” por não ter acesso aos cuidados médicos indispensáveis. “Estou me urinando toda”, revelou, evidenciando a severidade de sua situação. Ela também declara que recebeu o diagnóstico de síndrome do pânico, fobia social e depressão, além de ter sofrido um desmaio que a deixou inconsciente por um período sem receber qualquer assistência médica imediata.
Solicitação de prisão domiciliar humanitária
A defesa de Flordelis já pediu várias vezes a prisão domiciliar humanitária para que ela possa receber tratamento fora do cárcere. Este benefício é oferecido a prisioneiros que enfrentam problemas de saúde sérios ou a idosos com mais de 80 anos. No caso de Flordelis, os advogados sustentam que a detenta está lidando com uma condição clínica tão grave que sua vida corre perigo.
O defensor Renato Loureiro, que defende Flordelis, enfatizou que ela “está morrendo na prisão” e necessita de “tratamento com médicos particulares” o quanto antes. O pedido foi enviado ao Poder Judiciário, e a defesa aguarda uma resposta sobre a solicitação de transferência para prisão domiciliar.
Experiência psicológica dolorosa
No texto da carta, Flordelis também menciona seu histórico médico, destacando que há 30 anos foi vítima de amnésia total, mas nunca foi tratada corretamente devido à intervenção do seu marido falecido, que acreditava ser capaz de cuidar dela sozinho. O isolamento emocional e a ausência de assistência médica especializada pioraram a condição de Flordelis, que começou a se tornar dependente de medicamentos.
Na prisão, ela também rompeu relações com sua família biológica, recebendo apenas a visita de sua irmã mais velha, dona Laudicéia. Foi por meio dela que Flordelis tomou conhecimento de algumas de suas internações em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro.
A ex-parlamentar também relata ter problemas de saúde mental, como ouvir vozes e ver vultos, o que intensifica ainda mais seu estado clínico. Como meio de distração e alívio do estresse psicológico, Flordelis conta que começou a tecer crochê na prisão, além de se engajar em missões.
A carta de Flordelis foi incorporada ao seu processo de execução penal, e agora é responsabilidade do Poder Judiciário e do Ministério Público avaliar a seriedade do caso e decidir sobre o pedido de assistência médica fora do cárcere. Para os advogados de Flordelis, a urgência é evidente: ela necessita de assistência médica apropriada, ou seu estado de saúde pode continuar a piorar sem uma ação efetiva.
Foto destaque: Flordelis (Reprodução/@flordeliscantora/Instagram)