Algemados e acorrentados, um grupo de pessoas pousou no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na noite de sábado (25)

Logo após a posse do presente Donald Trump, um grupo de brasileiros deportados dos Estados Unidos relataram momentos angustiantes durante a viagem de retorno. Neste domingo (26), o G1 informou que o grupo de pessoas que foram algemados e acorrentados pelos pés, pousou no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins na noite de sábado (25).
Chegando ao Brasil, os deportados revelaram que sofreram agressão por parte dos agentes de imigração, tiveram problemas com alimentação, sofreram maus-tratos e ainda houve falhas técnicas.
O voo que estava previsto para pousar em Confins na sexta-feira (24), aterrorizou diretamente no Aeroporto de Manaus para abastecer, porém, o avião apresentou problemas no ar-condicionado, o que gerou tumulto entre os passageiros.
Relato de um dos passageiros
Em busca de uma vida melhor para sua família, Kaleb Barbosa, de 28 anos, que migrou para os EUA há seis anos, conta o que passou durante o voo. “O momento mais difícil foi quando o ar-condicionado estragou no ar, as pessoas começaram a passar mal, alguns desmaiaram e as crianças estavam chorando. A turbinas estavam parando durante o voo, foi desesperador, coisa de filme mesmo”. Ele ainda conta que, após o pouso em Manaus, as turbinas do avião chegaram a soltar fumaça. As saídas de emergência foram abertas e os passageiros pediram socorro. Ele também informou que, sem a interferência do governo todos poderiam estar mortos.
Além do relato do Kaleb, outros brasileiros descreveram suas experiências e medos diante do ocorrido. Fora que muito deles deixaram para trás casas e empresas para voltarem ao Brasil, o que não estava nos planos da maioria.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ordenou a retirada das algemas e solicitou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Quatro pessoas já tinham desembarcado em Manaus, e outros 84 foram para Confins.
Parecer do governo brasileiro
O Itamaraty avaliou que o tratamento dispensado aos brasileiros foi “degradante” e planeja formalizar uma reclamação ao governo Trump. Essa decisão surgiu após uma reunião do chanceler Mauro Vieira com autoridades militares brasileiras em Manaus, com o intuito de compreender melhor os pormenores do incidente.
Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, classificou as denúncias contra os agentes americanos como “muito graves”. A ministra pretende sugerir a criação de um posto de atendimento humanitário em Confins, caso haja uma intensificação nas deportações de brasileiros. Além disso, ela elaborará um relatório sobre as acusações, que será enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Ministro das Relações Exteriores do Brasil.
Evaristo destacou que os deportados se encontram bastante fatigados, mas o Ministério já conseguiu registrar o contato de todos eles. Neste sábado (25), ela usou sua rede social para relatar seu parecer. “O nosso posicionamento é que os países podem ter suas políticas imigratórias, mas nunca podemos desrespeitar os direitos humanos. Bem-vindo ao Brasil”.
Macaé ainda relembrou que haviam crianças no local. “A gente tinha numa mesma aeronave famílias, crianças, crianças com autismo, com algum tipo de deficiência, que passaram por situações muito graves”.
Foto destaque: Brasileiros algemados e acorrentados/Reprodução/CNN Brasil)